Problema
Relativamente a regimes políticos, não necessito de referir quais as desvantagens e quais as pouquíssimas vantagens das ditaduras, e assim, irei focar-me na democracia que, apesar dos seus defeitos, é considerada como o melhor regime político de que dispomos de momento. Ainda assim, tem alguns problemas, entre os quais: a possibilidade de políticos com baixos valores morais ou com fracos conhecimentos poderem governar e colocarem os cidadãos e os seus países em perigo por incompetência; proliferação de populismos; aumento de casos de corrupção e nepotismo; sensação de fraca representação por parte dos cidadãos devido aos partidos políticos.
Reflexão
A nomeação para altos cargos políticos não deveria ser baseada na meritocracia em vez do quão populares as pessoas parecem ser?
Os funcionários dos governos não deveriam ser profissionais especializados em pensar em quais as melhores soluções para os problemas do país em vez de pessoas apontadas pelos partidos?
Não deveriam ser nomeados cidadãos em vez de partidos?
Solução
Definir o regime político da Cidade de Abílio é uma tarefa complicada. Podemos descrever como uma espécie de sofocracia, em que apenas os mais sábios governam, misturada com uma politeia, na qual uma assembleia de cidadãos vota democraticamente.
«Por sábio, entende‑se aquele que
estudou filosofia, sociologia ou ciência política; desta forma,
um deputado tem de ter formação mínima para poder exercer
a sua profissão. Por outro lado, não se pode candidatar, apenas
é nomeado pelos seus (con)cidadãos, que escolhem livremente
quem querem que os represente; lembram‑se como eram
nomeados os delegados de turma no secundário? Tendo em
conta que o ensino, desde a primária até à universidade é
completamente gratuito, caso o aluno cumpra os requisitos
mínimos (nunca ter reprovado nem ter concluído cada ano
letivo com uma classificação abaixo dos 60%), qualquer um
pode vir a ser nomeado como deputado. É claro que pode
recusar, mas a honra é tanta que ninguém o faz. Depois, o
plenário tem de possuir um número igual de deputados dos
diferentes quadrantes e orientações políticas, o que implica
que todo o povo é representado de forma igualitária, mesmo
que existam minorias. O que é incrível é que todas as decisões exigem consensos políticos, o que obriga sempre a que a última
decisão, após negociação, agradará (literalmente) a todos!
Desta feita, é da responsabilidade desta assembleia, legislar
e tomar decisões que afetem o Estado, e por conseguinte o
país; assim, a assembleia tem o poder legislativo.
O poder executivo reside no governo, mas, mais uma vez, diferencia‑se dos demais, já que todos são funcionários públicos que apenas gerem os recursos públicos. E, imaginem, a nomeação de um ministro faz‑se por via de uma entrevista de emprego, ou seja, os candidatos enviam o seu CV, o qual é avaliado pelos recursos humanos do governo, e depois a decisão é aprovada em assembleia. Assim, garante‑se que o executivo, os ministros, são profissionais altamente qualificados para o cargo, e não políticos, pois esses estão na assembleia. Sempre que um ministro pretende fazer uma alteração estrutural, submete a proposta à assembleia.» (in "De Conto a Romance - Volume 2")
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